quinta-feira, junho 30, 2005

Pérolas a porcos

O Luís Tribuna, excelso Insurgente, identifica aqui mais uma típica manobra “de mercearia” na elaboração do OE Rectificativo.

O governo incluiu nas receitas uma verba de 400 milhões de euros correspondentes a operações de privatização. Parece, no entanto, que ainda não se sabe bem o que se vai vender nem porquê. É o que for preciso desde que o preço bata certo. Esta estratégia de merceeiro é aceitável mas o recurso a “receitas extraordinárias” já não.

Mas, já se sabe, isto de nós andarmos para aqui a identificar as trapalhadas deste Governo é tudo “uma forma muito particular de ressentimento”.

FA

DO OUTRO MUNDO

Assistimos hoje a um dos maiores furos jornalísticos de sempre: uma rádio conseguiu declarações de um morto sobre outro. A propósito da morte de Emídio Guerreiro, diz a TSF que Vasco Gonçalves descreve o fundador do PPD como um «homem de grande cultura». Maravilhas da técnica.

JV
A coerência ao serviço de uma boa causa



FA

quarta-feira, junho 29, 2005

terça-feira, junho 28, 2005



Para não se falar tanto da trapalhada orçamental e financeira, o homem de Maçada lembrou-se de tirar do bolso o referendo ao Aborto. Não interessa o que a lei diz sobre prazos. Muda-se a lei. Não interessa a natureza do problema. Como spin vem a calhar. A oportunidade é a habitual e a seriedade a do costume.

JV
UNS TÉCNICOS, ESSES ARTISTAS


O BE organizou um acampamento para jovens do qual consta um workshop intitulado "Técnicas de Desobediência Civil". A parte divertida é que este aparece designado como "Workshop artístico"(sic). O elenco completo da coisa vai de "artes murais a teatro, passando pela percussão, desobediênia(sic) civil ou artes circenses e equilibrismo". A criteriosa escolha das matérias dá para tantos trocadilhos que até desmotiva...

JV

P.S.: É irresistível o apelo à participação da rapaziada:

De 27 a 31 de Julho S. Gião, Serra da Estrela, vai ser um espaço revolucionário, aberto a tod@s, sejam ou não do Bloco. Um lugar privilegiado para pôr em comum experiências contra a corrente, exercer o direito ao sonho e trocar ideias para mudar a vida. Um lugar à tua espera.

Alguém terá coragem de faltar?

É A MIL, É A MIL!

O Bloco Nacionalista Galego alertou o Governo espanhol de que "a Galiza não vai sair barata". Não há problema. ZP paga o que for preciso. Como sempre.

JV
Não foi para isto que fizémos o 25 de Abril...

“O Conselho directivo da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa votou a propina mínima para o próximo ano, mercê dos votos dos estudantes, directos interessados, e de um funcionário, contra os professores e o próprio presidente do Conselho directivo, o qual pediu a demissão na sequência da decisão, por entender que deixa de haver meios para o funcionamento da Faculdade. Que País, este, onde os estabelecimentos públicos universitários são financeiramente governados pelos utentes e pelo pessoal administrativo! Por que espera o Ministro do Ensino Superior para fazer aprovar a revisão do sistema de governo das universidades, de modo a pôr fim a esta rebalderia?” Vital Moreira, in Causa Nossa

Não resisti a transcrever este post do Causa Nossa. Primeiro porque um dia destes o Governo muda e o Professor ainda há de ter uma opinião diametralmente oposta. Segundo... bom, segundo porque, não sei se foi o caso da Faculdade de Ciências mas sei que foi o caso do Técnico, para alertar os mais distraídos que esses estatutos universitários (ou “esta rebaldaria” como bem diz o Professor) foram “conquistas de Abril” senhor Professor.

Não deixa de ser curioso como o pragmatismo acaba por conquistar, mais tarde ou mais cedo, os espíritos mais revolucionários. Excepto os coerentes, claro.

FA
Ai ondas

Afinal o voto dos emigrantes galegos (a quinta província galega!) não alterou o resultado e confirmou-se o último mandato de Pontevedra para o PSOE. É pena. Apesar de continuar a ser o partido mais votado, o PP Galego passa à oposição. Oposição a um governo de coligação contra-natura entre os oportunistas do costume e os nacionalistas de sempre. A ver vamos...

FA
O que é tem o Barnabé...

Tão tolerantes que nós somos não éramos?!

FA

segunda-feira, junho 27, 2005

NO BLOODY WAY

Esses testes instantâneos que circulam pela Internet só podem ser uma farsa. Eu, um libertarian cockney, não posso acreditar que vivo com uma gauchiste libérale parisienne.

FMS

quinta-feira, junho 23, 2005

PÓS-MODERNISMO DE SUPERMERCADO

- Boa noite, era um frango assado para levar.
- Um frango assado? O senhor não tem aspecto de quem coma frango assado.
- Obrigado, mas hoje é o que vai ser.
- O senhor tem mais cara de quem come outras coisas mais sofisticadas, assim tipo sushi.
- Há pouco pensei que me estivesse a elogiar.

FMS
Foi você que pediu...

The Laeken Declaration which launched the Constitution was designed "to bring Europe closer to the people". Did it? The Lisbon agenda was launched in the year 2000 with the ambition of making Europe "the most competitive place to do business in the world by 2010". We are half way through that period. Has it succeeded?

I have sat through Council Conclusions after Council Conclusions describing how we are "reconnecting Europe to the people". Are we?

It is time to give ourselves a reality check. To receive the wake-up call. The people are blowing the trumpets round the city walls. Are we listening? Have we the political will to go out and meet them so that they regard our leadership as part of the solution not the problem?
-Tony Blair 23 Junho 2005 ao Parlamento Europeu

FA
DISCRIMINAÇÃO INTOLERÁVEL

Via Grande Loja acabo de descobrir que Tony Blair declarou que "a Europa deve investir em empregos e não em vacas". Alguma direita não lhe bate palmas.

JV
ANTES MORRER LIVRES QUE EM PAZ SUJEITOS

Talvez por terem passado poucos dias do 6 de Junho, Maria de Lurdes Rodrigues, Ministra da Educação do Governo português, declarou que uma decisão de um Tribunal de Ponta Delgada "não é de Lisboa nem respeita à República Portuguesa".

Assim se descobre:
- uma insuspeita activista da FLA;
- uma adepta do conceito "Lisboa é Portugal e o resto é paisagem".

O lapso da Senhora Ministra respeita à República Portuguesa tanto quanto não respeita a República Portuguesa.

JV
CENAS DA INTEGRAÇÃO EUROPEIA - 7

Confirmamos que vivemos num tempo estranho quando o discurso de um primeiro-ministro trabalhista recebe aplausos da direita e amúos da esquerda.

JV

quarta-feira, junho 22, 2005

Organizem-se, pá!

Se os bancos que temos não arriscam e os empresários que nos governam não inovam, não percebo do que é que estão à espera as gentes da esquerda para fazerem um banco que arrisque ou lançarem projectos empresariais inovadores. Como é que tanta sagacidade para a análise político-económica pode andar de braço dado com tanta falta de olho para o negócio?

FA
As virtudes d’après JêPêHagá

Diz o JPH que não foi intolerante “para com os que não "expiaram o pecado" de serem politicamente descendentes de quem não foi relevante nem no combate a Salazar nem, depois do 25 de Abril, às tentações totalitárias”. A questão, diz o genealogista disfarçado de jornalista, não é intolerância, “é mais falta de paciência”. Afinal parece que “todos temos a mesma legitimidade para dizermos o que nos apetece” (uff, ainda bem!) “mas nem todos temos a mesma autoridade. A questão é essa: autoridade”.

Cuidado JPH, olhe que a paciência é uma virtude e a autoridade um vício.

FA


Nada irrita mais os franceses que o facto de a lingua anglia ser hoje a lingua franca.

JV

terça-feira, junho 21, 2005

SENSO COMUM



Via João Pereira Coutinho e MacGuffin, a força tranquila de Christopher Hitchens em entrevista no Uncommon Knowledge (recomenda-se a versão video).

Eis um pequeno excerto:

Peter Robinson: You write of North Korea, it is exactly as if it was modeled on 1984, Orwell's novel--the leader worship, the terror, the uniformity, the misery, the squalor, all true. Still?

Christopher Hitchens: Yes, it was--the state was founded actually I think the year that 1984 was published and it's as if they sort of took the book and thought I wonder if we could make this work?

Peter Robinson: Right.

Christopher Hitchens: One tries to avoid cliché. I remember I went to Prague during the old days, the bad old days of the communist regime to attend a dissident meeting. I thought whatever happens to me, I'm not going to mention the name Kafka in what I write. I'm going to be the first reporter who doesn't--who goes to Prague and doesn't bring up Kafka.

Peter Robinson: Does not say Kafka?

Christopher Hitchens: Anyway the policemen came in--the secret police broke into the meeting I was at and slammed me up against the wall and said you're under arrest. And I said what for? And they said we're not telling you what for. And I thought damn, now I have to resort to cliché. I have to mention Kafka.

Peter Robinson: You have to say Kafka.

Christopher Hitchens: Well if you go to North Korea, determined not to mention Orwell, Orwellianism or 1984, you will--I'm sorry--you'll be forced to. They make you do it.

FMS
BIFURCAÇÃO



My favourite headline last week was in the International Herald Tribune: "EU leaders and voters see paths diverge." Traditionally in free societies, when the paths of the leaders and the voters "diverge", it's the leaders who depart the scene. But apparently in the EU this is too vulgar and "Anglo-Saxon", and so the great permanent Eurocracy decided instead to offer up Euro-variations on Bertolt Brecht's jest about the need to elect a new people. Whatever the rejection of the European constitution means, it certainly doesn't mean the rejection of the European constitution.

An everyday fantasy of farming folk
By
Mark Steyn
(21/06/2005)

JV
CENAS DA INTEGRAÇÃO EUROPEIA - 7

Bruxelas, 30 graus

- Está quente.
- Pois está.
- Parece que desligaram o ar condicionado.
- Pois foi.
- Desligaram mesmo?
- Sim.
- Porquê?! Está um calor brutal lá fora!
- Uns dizem que foi por causa do fracasso do Tratado, outros que a culpa é do falhanço das Perspectivas Financeiras e alguns que a Europa só funciona bem quando não é mesmo preciso....

JV
VOU MAS É MARCAR VIAGEM

Pelos vistos, teremos sempre Copenhaga.

Iupi.

FMS

segunda-feira, junho 20, 2005

A vitória da argumentação “Michelin” (ou será do Jacques Chirac?)



A propósito da corrida de F1 deste Domingo, onde o Tiago Monteiro conquistou o 3º lugar, com todo o mérito diga-se, muito se tem escrito e comentado. A maior parte das críticas, curiosamente, têm sido dirigidas à Jordan e à Ferrari e, claro, à FIA.

Em primeiro lugar dá que pensar que uma empresa com a experiência da Michelin tenha sido tão desastrada na preparação deste GP. É muito estranho. A verdade é que estão criadas a condições para as 7 equipas Michelin (mais a Minardi, que se comportou como um camaleão desavergonhado) fazerem o seu campeonato autónomo como já há muito se discutia. Isto é a teoria da conspiração.

Agora a parte séria. A argumentação da Michelin e das equipas por si equipadas é mais ou menos assim: Ah, enganámo-nos estrepitosamente na preparação dos pneus para este GP e os pilotos equipados com estes pneus enfrentarão riscos acrescidos de rebentamento dos mesmos. Queremos que não se aplique a regra que nos penaliza se trocarmos de pneus, que alterem o traçado do circuito para garantir a segurança dos pneus defeituosos que trouxémos ou que se faça a corrida mas a brincar. Não estamos dispostos a ir mais devagar ou a actuar de qualquer modo que prejudique a nossa performance ou a pontuação no campeonato. Desde já avisamos que estamos a ser muito razoáveis.

A escola francesa de argumentação está em grande!

FA
Fazendo uso da minha invulgar habilidade para dizer o óbvio

Gostava apenas de lembrar que a manifestação da Frente Nacional no Sábado é o resultado directo da incapacidade dos partidos democráticos discutirem seriamente os temas da imigração e da criminalidade.

FA
100 DIAS DE GOVERNO

O que os portugueses querem é ver a apresentadora do TOP + em TOP -.

FMS
RIGOROSAMENTE AO CENTRO

Ele era um celebrado animal político. No momento da sua morte, todos lembraram aquela campanha eleitoral vitoriosa em que, para agradar à esquerda, se inscreveu na Académica de Coimbra e, para agradar à direita, se fez sócio desse mito dos escalões secundários, o Clube de Futebol "Os Marialvas".

FMS
EU NEGO À PARTIDA UMA CIÊNCIA QUE DESCONHEÇO

O que eu não gosto na astrologia é que me faz parecer cartesiano. É apenas por comparação, mas nós os aquarianos somos assim.

FMS
MOMENTO PAULO GORJÃO DO DIA

Eu bem avisei: A imprensa teria sempre a tentação de titular uma peça sobre a morte de Cunhal com a expressão "O Último Estalinista". O Expresso, na Única, fê-lo. Mas, repito, esse é um monumental erro jornalístico. Não foi, de facto, o último estalinista que morreu. Há muitos que ainda ficam.

FMS
MOMENTO BAIRRISTA DO DIA

Rui,

Ao que consta, em Viseu não ocorrem marchas nazis ou assaltos em arrastão, e até há manifestações contra a intolerância e a homofobia. Os passeios estão livres dos automóveis, as ruas de engarrafamentos e os prédios não ameaçam derrocada. Em Viseu, pode-se passar um Inverno civilizado, sem o calor permanente desta canícula perigosamente inclinada sobre a latrina mediterrânica. É possível frequentar parques sem se ser violado ou assaltado e acompanhar o crescimento de um filho até ele deixar de querer ser acompanhado. Em Viseu come-se bem e barato, os agentes imobiliários actuam com decência e a imprensa estrangeira também chega no dia em que sai. Apesar de também termos as rídículas marchas populares, preferimos os santos elitistas. Pensa no Salazar. Pensa no Manel Maria Carrilho. E agora repara no que se transformaram quando chegaram a Lisboa. Rui, parece-me que Lisboa precisa mais de pessoas de Viseu do que o contrário. Não acho é que reste muita gente com paciência para missões civilizadoras.

Abraço,

FMS

domingo, junho 19, 2005

O modelo Europeu



A julgar pelo resultado do último Conselho Europeu, estamos perante uma encruzilhada. Um ponto de viragem no processo de construção europeia que, recordemos, é um processo útil, benéfico e essencial para o futuro das nações Europeias. Esta é a parte séria da questão.

A parte humorística é pensar que o modelo Europeu, a não ser que arregacemos as mangas e façamos pela vida, se encaminha para um sistema de funcionários públicos portugueses, políticos italianos, agricultores franceses, banqueiros alemães, pescadores espanhóis e, para mal da minha carteira, tudo pago por contribuintes britânicos!

Agora vou ver o Tiago Monteiro conquistar um lugar no pódio do GP dos Estados Unidos!

FA

sexta-feira, junho 17, 2005

A ARTE PELA ARTE

Já se sabe. O pecado original das ideologias, ou utopias políticas, é serem sistemas racionais, fechados, internacionalistas, indiferentes ao lugar e ao tempo. Nas experiências mais sofisticadas, como por exemplo as que Álvaro Cunhal propagandeou, antes do programa político, existe um programa ideológico e, antes deste, um programa estético. A política não é actividade prudente, mas criativa, socialmente transformadora e manipulativa. Exercer o poder é o mesmo que escrever um poema ou pintar um quadro. Da mesma forma, toda a arte é instrumental, devendo servir os propósitos da transformação político-social, da Revolução. Daí os Manuéis Tiagos, os Soeiros Pereira Gomes e outros neo-realismos de qualidade duvidosa.

Neste sentido, há uma certa natureza "reaccionária" na obra de Oscar Wilde, na sua defesa da arte como algo basicamente inútil ("art for art's sake"), que nunca foi verdadeiramente reconhecida mas que, devidamente difundida (através da água, sei lá), seria um bálsamo eficaz para essa mania angustiante de fazer arte panfletária e política estética. Mas eu também não quero ofender os princípios mais profundos de ninguém, principalmente as convicções homofóbicas dos comunistas da velha guarda.

Esqueçamos então o pavão irlandês. Esta malta gosta mais de russos:

«Os romances constituídos principalmente por diálogo ou comentário social
(...) estão banidos terminantemente da minha mesinha-de-cabeceira. E a mistura
popular de pornografia e trapaça idealista dá-me absolutamente vómitos.»

«O semiculto ou o alto filisteu não se conseguem desembaraçar do sentimento
furtivo de que um livro, para ser grande, tem de tratar de grandes ideias. Oh,
conheço esse tipo, esse tipo de melancólico! É uma pessoa que gosta de uma boa
patranha condimentada com comentário social; que gosta de reconhecer os seus
próprios pensamentos e as suas próprias dores de parto nas do autor (...) Se é
americano, tem uma pinta de sangue marxista, e se é britânico, inibições de
classe agudas e ridículas.

Vladimir Nabokov, Opiniões Fortes, Assírio & Alvim, 2005

FMS
Flexibilidade e polivalência

JPH é, simultaneamente:

a) jornalista do Público – imparcial e objectivo, como manda a etiqueta;

b) genealogista – especialista em traçar a linhagem política e delimitar a margem de manobra de quem quer que ouse exercer a sua liberdade de expressão;

c) historiador – minucioso e especialista no século XX português. Mais concretamente no pré e pós 25 de Abril. Mas, mesmo a sério, do que ele percebe é do papel (or lack thereof) de quaisquer figuras da direita na consolidação da democracia representativa e do estado de Direito em Portugal.

Afinal quem é que quer fazer quem passar por quê?

FA
Dirty tricks (ou exemplo de anti-americanismo não-primário)

Uma proposta legislativa apresentada no Congresso Americano, sugere que o novo A380 seja equipado com defesas anti-míssil. Na opinião do proponente, o congressista John Mica (R. – Fla.) quando um avião transporta o equivalente à população de uma pequena aldeia, o mínimo que se pode pedir é que tenha um sistema de defesa contra ataques terroristas.

Ó Mica, o que tu queres sei eu pá.

Para quem não se recorda, o falhanço comercial do Concorde pode, em parte, ser explicado pela proibição dos EUA de permitir que o avião supersónico sobrevoasse o seu território.

FA
MURALHA DE ASCO


JV
SOBRO EU

Rui,

Não sejas injusto, pá. O mais ilustre dos viseenses foi contigo ao Antony & The Johnsons.

FMS

quinta-feira, junho 16, 2005

Pesca de arrasto

O fenómeno do “arrastão” (chegado a areias de Portugal vindo de paragens tropicais de Vera Cruz) levanta, como fenómeno criminal novo que é, questões (sociais e jurídicas) que talvez não fosse má ideia analisar.

A não ser que os senhores do BE e do PCP não queiram, por essa análise poder ser xenófoba, sectária e oportunista. Nesse caso, então o mais simples é não fazer nada e deixarmos de ir à praia – não tarda os nossos ex-turistas começarão a chegar a essa conclusão e procurarão outras praias com hábitos de pesca mais amigos do (bom) ambiente.

FA
A NÃO PERDER

Testemunho de um anticomunista assumido.
por
JAM

JV
O PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE

«KPMG could face criminal charges for obstruction of justice and the sale of abusive tax shelters. But top Justice Department officials are debating whether to indict the company and risk killing one of the four remaining big accounting firms.»
FMS
TENTATIVA E ERRO

O JPH, do Glória Fácil, acusa os descendentes (políticos) de umas quantas figuras de o tentarem fazer passar por parvo. Ao ler o que escreveu, diria que a tentativa é supérflua.

JV
A METAMORFOSE

A coisa mais imperdoável deste governo é ter posto a minha própria mãe, uma moderada e zelosa professora do ensino secundário, a falar como uma sindicalista.

FMS

quarta-feira, junho 15, 2005

VAMOS LÁ A VER

Ao contrário do que dizem alguns bloggers e frequentadores de caixas de comentários, quando nestes dias se apontam os resultados trágicos das ideias, dos regimes e dos métodos de que Cunhal foi impulsionador e cúmplice, não se lhe está a faltar ao respeito. Desde logo porque não é a memória do falecido que se ataca, mas a tacanhez, a ignorância ou a pura estupidez de muitos dos que ficam e que hoje o flanquearam em marcha.

FMS
DE PÉ, Ó VÍTIMAS DA FOME


(A Grande Fome na Ucrânia - Imagem pedida de empréstimo à Mão Inisível)

«The peasants remaining in the villages were now
subjected to demands for amounts of grain which they were unable to produce. In 1932 and 1933, the Ukraine, the North Caucasus, and the Lower Volga
suffered a terrible famine
. There was enough grain, but it was taken
away to the last kilogram. As recent Soviet accounts put it, 'this
famine was organized by Stalin quite consciously and according to the
plan
.'


(...)

The main weight of the assault was against the Ukraine,
and the (then) Ukrainian-speaking areas of the Kuban, in the North Caucasus. It
was combined with a devastating attack on the Ukrainian intelligentsia and the
Ukrainian Party itself. In fact, the campaign may be said to resemble the
'laying waste' of hostile subject territories practiced by Jenghiz Khan and
other figures of the past.


(...)

But is was not until 1988 that, on this as on other
aspects of Stalinism, full accounting of the impact, the method, and the motives
appeared in Soviet publications. The deaths in the terror-famine cannot
have been lower than 6 to 7 million. The death toll among the peasantry over the
whole period 1930 to 1933 is given in the recent Soviet literature as around 10
million---higher than the dead of all the belligerents put together in the First
World War. That is, it was all on a scale as large as that of the subsequent
"Great Terror."

(...)

One high official told a Ukrainian who later
defected that the 1933 harvest 'was a test of our strength and their endurance.
It took a famine to show them who is master here. It has cost millions of lives,
but the collective farm system is here to stay. We have won the war, 'In fact,
we find that mass terror was now already in existence in the countryside, and
thousands of police and Party officials has received the most ruthless
operational experience."»

Para mais informações, contactar o Sr. Robert Conquest.

FMS
Mea culpa

Quero pedir perdão ao JPH do Glória Fácil por não ter mexido uma palha para acabar com a ditadura. Bem sei que era difícil atendendo a que só nasci em Junho de 1975 mas ainda assim...

Também não combati (pelo menos que me lembre) o caminho totalitário tentado por Cunhal. Pronto, confesso. Aqui é imperdoável porque já tinha uns mesitos valentes ali por alturas do 25 de Novembro e devia ter-me chegado à frente mas, segundo consta, andava borradinho de medo (como é óbvio!).

Peço desculpa também por me ter alimentado javardamente do orçamento de Estado no tempo da outra Senhora (apesar de ainda estar à espera “do meu”), por me ter escondido atrás do Soares (um dos momentos mais felizes da minha vida) e, afinal, por ter andado todo este tempo a querer fazer o JPH e outros impolutos (e únicos, e únicos!!!) paladinos da liberdade e da democracia passarem por parvos. Isto das manias herdadas da ascendência é uma gaita para a gente se livrar. É genético é o que é.

FA
PIOR QUE UM PAÍS RELATIVO

Só mesmo um país acrítico.

JV
PRIME TIME



O clássico debate que a RTP Memória transmite neste momento é o ponto mais alto da carreira política de Mário Soares. Pela substância do discurso moderado e ocidental mas, essencialmente, pelo estilo. Por muitos escritos que deixe, por muitos discursos que os manuais celebrem, a minha posteridade lembrará sempre, acima de tudo, aquele olhar condescendente e divertido, aquela pose complacente, paternalista, quase aristocrática e absolutamente snob que Soares utilizava enquanto Cunhal se espraiava em dogmatismos há muito apodrecidos.

Claro que a gravata de malha de seda também ajudou. Não substimemos nunca o élan proporcionado pelo traje apropriado.

FMS

terça-feira, junho 14, 2005

ENTÃO É AQUI QUE OS FAZEM



Next Generation of Conservatives (By the Dormful)

FMS
OS QUE FICAM FICAM EM BOAS MÃOS

«Jorge Sampaio manifestou-se ainda convicto de que "há continuadores no PCP" capazes de prosseguir o legado do ex-líder».

Disso não há dúvidas:

«O 50º aniversário da morte de Estaline (05.03.1953) foi comemorado sem indiferença e com respeito na antiga URSS, mas noutros países com o habitual «grande espectáculo» que os «media» ocidentais costumam dedicar a todos os acontecimentos em que Estaline se distingue. Uma vez mais, vieram à baila os muitos milhões que teria mandado executar e, enfim, toda uma série de horrores a que a História, a verdadeira, não consente aval. O nome do escritor Alexandr Solzhenitsyn oferece constante fonte de apoio a todos os especuladores na matéria. A sua afirmação de que os «excessos» de Estaline teriam conduzido milhões de pessoas à morte, serve-lhes às mil maravilhas. Mas parece que as coisas não foram bem assim...»

FMS

DOWNSIZING

Também tu?

FMS
Coerência lava mais branco



Quem disse que temos que respeitar toda a coerência e qualquer coerente?

JV
O empurrãozinho

Da mesma forma que Álvaro Cunhal cedo percebeu que a queda do regime salazarista se daria através de um golpe militar e na sequência do desgaste provocado pela guerra colonial (e trabalhou nesse sentido), os comunistas que sobram procuram descobrir por onde cairá o regime capitalista (e trabalham nesse sentido). É que, ao contrário do que Marx preconizou e já lá vão mais de 150 anos, parece que sozinho a coisa não vai lá.

FA
"O futuro dar-te-á razão"

Dizia uma das mensagens no livro de condolências na sede nacional do PCP: "O futuro dar-te-á razão". Só se for mesmo o futuro já que o passado nem por isso...

FA
Thriller!

"Michael Jackson didn't walk, he moonwalked!" - comentadora no programa Breakfast da BBC1 a propósito da ilibação total do cantor

FA
UM CASAL MODERNO

Charles era de direita, Rainbow Haze de esquerda. Antes de se casarem, ele exigiu um estudo de impacto fiscal, ela um estudo de impacto ambiental.

FMS
O MEU HOMEM EM HAVANA



Antes das mortes de Gonçalves, Cunhal e Eugénio, o fim-de-semana andava comovido com as declarações de Alberto João Jardim. É pena. Jardim é um dos poucos exemplos de civilidade de que Portugal se pode orgulhar, em tudo o que de individualismo e liberdade essa civilidade é irredutível.

E de literário também. Jardim é o nosso senhor feudal tropical, o nosso monarca exótico, a nossa personagem greeneana, de fato de linho e panamá, fumando charuto e bebendo mojitos.

E - porque não? - olhando-nos à distância da Madeira, essa Cuba pré-castrista, a voz da nossa consciência. Só nos últimos dias, com a chegada da actual torrente de inveja institucionalizada pelos media e pela esquerda radical ao Presidente da República e à sua pensão de reforma extra-estatal, perceberam algumas luminárias que a razão mora na Madeira. Existem jornalistas que são, de facto, "filhos da puta" (em todas as profissões os há). E ao chamá-los de "filhos da puta", ao contrário do que por aí de diz, Jardim estava a ser impolutamente democrático. Jardim não prende jornalistas, não os persegue, não os tortura, não lhes pontapeia os tomates, não lhes faz cócegas nos sovacos. Não pode e - acredito - não quer. Por isso, a única forma de defender em tempo útil a própria honra (valor que também tem lugar em democracia) é chamar os profissionais da inveja que por aí pululam de "filhos da puta". Sempre com aspas, que as respectivas mãezinhas não têm culpa alguma da vida de parasitas que o meninos quiseram para si.

Eu gosto de Jardim. Ele é o meu homem em Havana.

FMS
"MORREU O ÚLTIMO ESTALINISTA"

Haverá a tentação de fazer deste um título jornalístico. Infelizmente, não é verdade. Não foi o último que morreu.

FMS
CADA UM NO SEU LUGAR (II)

Reparo agora, ao ver os testemunhos dos líderes partidários recolhidos pelas televisões (e com orgulho que não pretendo esconder), que o único com a vergonha na cara de que falei anteriormente foi Ribeiro e Castro.

FMS
CADA UM NO SEU LUGAR

Cunhal não foi apenas um adversário em democracia. Foi também, e principalmente, um adversário da democracia, defensor de algumas das mais repugnantes formas de organização da vida em sociedade. Todo o democrata provido dessa qualidade intemporal que é a vergonha na cara, amante da liberdade de expressão, de criação e de associação, ignorará o luto nacional decretado pelo governo e deixará a dor e a sua demonstração para os muitos com razões privadas - de amor, amizade e camaradagem - para tal.

FMS

segunda-feira, junho 13, 2005

1913-2005

Morreu Álvaro Cunhal. Desenganem-se aqueles que aguardam comemoração ou troça. Desenganem-se também os que esperam simpatia ou amnésia de ocasião. Morreu um inimigo. Morreu um homem. Não há nenhuma alegria nesta constatação.

JV
A coerência

É natural e reconfortante para a nossa memória colectiva elogiar figuras marcantes da história na hora da sua morte esquecendo, discreta e convenientemente, os erros cometidos durante a sua vida.

Vem isto a propósito das mortes de Vasco Gonçalves e de Álvaro Cunhal e de todo um processo de “closure”, como lhe chamam os ingleses, que é natural que se lhes siga. Um compasso de espera. Um virar de página. A consciencialização última de que afinal a revolução não segue dentro de momentos.

Não concordando com quase nada (e o quase tem muita razão de ser) do que tais figuras representaram e defenderam, calamo-nos. Respeitosamente. Sabemos, no entanto, que a coerência política não justifica tudo. Não justifica aliás quase nada.

FA

sexta-feira, junho 10, 2005

No pasarán!



O Acidental foi tomado de assalto. Invadido à má fila por um grupo de penetras sem sentido estético (basta ver o que fizeram ao template).

Os arquivos estão a salvo. O livro está publicado. A luta continua.

Imperialistas

quinta-feira, junho 09, 2005

CONTRA FACTOS, NÃO HÁ ARGUMENTOS

Estás com a mosca?

«Lors de la conclusion de nos travaux sur la Constitution, nous nous sommes retrouvés à Rome avec les chefs d'Etat et de gouvernement, dans le bureau de Silvio Berlusconi. C'était en juillet. Pour l'occasion, nous avions fait relier un bel exemplaire du traité en cuir bleu.» Pause. L'auditoire est intrigué. VGE se remet à chuinter : «Il faisait une chaleur épouvantable et, dans la pièce, il y avait une mouche qui volait.» Silence. Giscard imite le bruit de l'insecte : «Bzzzzz... bzzzzz...» Tout le monde retient son souffle. «Et paf ! Berlusconi s'est emparé du volume du traité, en cuir bleu, a écrasé la mouche d'un coup sec (VGE le mime en tapant sur la table) et s'est tourné vers nous, triomphant : "Je l'ai eue !"» Eclat de rire général. Voilà bien la preuve, selon l'ancien président de la République, que «sa» Constitution «sert à quelque chose».

JV
E COMO SE FOSSE MAGRO. E COMO SE FOSSE RICO.

"[O] segredo do charme de Oscar Wilde é que ele era um homem bom escrevendo como se fosse um homem mau. A maior parte das pessoas são pessoas más escrevendo como se fossem pessoas boas."

His Lordship

FMS

quarta-feira, junho 08, 2005

TARDE E A MÁS HORAS

Por solicitação, em tempo devido, de Miss Still.

1. Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?

Neste preciso momento, por razões estritamente profissionais, o tratado de direito fscal internacional de um tal de K. Vogel.

2. Já alguma vez ficaste apanhado por um personagem de ficção?

Claro. Sebastian Flyte.



3. Qual foi o último livro que compraste?

"Os Americanos", do Mencken; "Status Anxiety", de Allain de Botton.

4. Qual o último que leste?

"In Praise of Nepotism", de Adam Bellow (absolutamente fabuloso); "Socialism, Politicians and Historians", de A.J.P. Taylor; desisti a meio da Constituição Europeia (por força das circunstâncias).



5. Que livros estás a ler?

"England, England", de Julian Barnes; "Conversaciones Sobre la Derecha", de Tom Burns Marañón; "Letters to a Young Contrarian", de Christopher Hitchens; "The Man Who Was Vogue - The Life and Times of Condé Nast", de Caroline Seebhorn; e, claro, "O Acidental", da malta.

6. Que 5 livros levarias para uma ilha deserta?

Um qualquer manual de construção de canoas.

7. A que 3 pessoas vais passar este testemunho?

É tarde de mais para isso.

FMS
By the rivers of Babylon…



O RAF escreveu um bom post sobre o processo de construção europeia. Algo lírico em algumas partes mas essencialmente acertado no que concerne ao perigo que representam para a Europa “os Povos envelhecidos, que perderam a ambição de ir mais longe. Os Povos que vivem com ansiedade e medo do futuro. Que receiam a concorrência. Que não se sentem confortáveis na diferença étnica e cultural. Que não são capazes de assumir desafios. Que acreditam que, fechando os olhos, poderão sentir o conforto e o consolo no regaço do Estado, esse «Pai Tirano» que pensam que os tutela e protege.” Nem mais.

Dito isto cumpre discordar no essencial já que é um erro pensar que foram só esses “povos” a votar não à Constituição Europeia. O problema, na minha óptica, é que o próprio Tratado Constitucional é ele mesmo uma “Torre de Babel” – a construção desenfreada de um edifício (neste caso jurídico-político) que corre o risco de se desmoronar porque lhe falta a essência (divina?) do suporte cívico. Os Babilónios esqueceram-se de Deus. Os europeístas esqueceram-se dos Europeus.

FA

segunda-feira, junho 06, 2005

O PECADOR PRAGMÁTICO

Custava-lhe cumprir com todos os rituais do Católico praticante. Decidiu ser ateu e acreditar que não acreditava em Deus.

FMS

[post costassantiano e eduardiano na forma, com substância inspirada no Eduardo (un autre, un autre)]
JÁ AGORA

Parabéns ao FA que fez anos ontem!

JV
Às Selecções



Os parabéns por mais duas vitórias (2-0 à Eslováquia e 18-16 à Rússia). Nem só de futebol vive o orgulho nacional!

FA

PS - E parabéns também à selecção nacional de vólei pela vitória surpreendente sobre o Brasil!

PSS - Deficit? Qual deficit?

quarta-feira, junho 01, 2005

DIAGNÓSTICO II

Afinal, talvez o Adam Smith português seja neo-liberal.

FMS
VNMC

Woody: Buzz, you're flying.
Buzz: This isn't flying, this is falling with style.

Toy Story

DBH
VNMC (VOZES NA MINHA CABEÇA)

Henry II: I want no women in my life.
Princess Alais: You're tired.
Henry II: I could have conquered Europe - all of it - but I had women in my life.

The Lion in Winter

DBH
THE LAST OF THE INTERNATIONAL ROCK SNOBS

You're too sweet for rock and roll

Será que os rapazes conhecem este site?

DBH