terça-feira, maio 31, 2005

É GENTE, SIM SENHOR

Felizmente, não voto em Lisboa. Se esse fosse o caso, votaria no candidato autárquico que prometesse deslocalizar para parte distante aquela espécie de ser que se dedica a infernizar a vida de quem passa na Rua Garrett com aquela batucada desconcertante que um gajo já não vai ao livros da Bertrand ou às gravatas da Picadilly sem trazer também uma dor de cabeça infernal acompanhada de uma ou outra náusea esporádica.

Não me parece que Sá Fernandes tenha pensado nisso quando avançou para a candidatura. No entanto, é de todos o que com maior eficácia identificou o problema central de Lisboa. "Lisboa é Gente", diz o cartaz. Nem mais. Lisboa é gente. Nas ruas, no metro, no trânsito, nos mercados, nas lojas, nos cinemas, nos supermercados, nas prisões, nas praias, nos bares. Sá Fernandes tem razão. Lisboa é precisamente isso: gente. A mais.

Começando pelos que tocam tambor.

FMS
E AINDA SE ADIMIRAM

"Andei por França, nos debates pelo OUI de 23 a 26 deste mês".

Ana Gomes

FMS
DIAGNÓSTICO

Em Portugal, até o Adam Smith é de esquerda.

FMS
SE É PARA QUEIMAR, É UMA ÓPTIMA ESCOLHA

"Dominique de Villepin é o novo primeiro-ministro de França"

E assim, Sarko resguarda-se.

FMS

segunda-feira, maio 30, 2005

TIRO AO LADO

Eduardo,

Não percebo a reprimenda. Acho que deixei óbvia a minha felicidade com o resultado do referendo em França e em lado nenhum disse que "votar é um acto que carece sempre de uma "boa" motivação".

Apenas acho que, tendo a escolha dos franceses sido de uma utilidade absoluta, não considero que daí se retirem quaisquer razões para ter esperança na reforma da Europa. Pelo que me foi dado a ver pela campanha, não parece que a França tenha descoberto as virtudes da relação transatlântica e do estado mínimo, ou que tenha esquecido as endémicas ilusões de grandeza gaullistas.

Não. O que levou os franceses a rejeitarem o Tratado, repito, foi, por um lado, a atitude conformista e iliberal dos "direitos adquiridos" (vide a discussão em torno da Directiva dos Serviços) que enfraquece e secundariza cada vez mais a Europa, aquela vulgata anglófoba deprimente, anti-capitalista primária, que combate a liberdade e a criação.

E foi, por outro lado, penso que em menor escala, o discurso purista e insano do FN, alimentado por uma imigração descontrolada e por uma integração insuficiente.

Ou seja: o resultado foi óptimo merci beaucoup e tal, mas as razões que a ele conduziram fazem prever, nomeadamente, que os supeitos do costume voltarão à carga com estratégias afins. Como, aliás, já se percebe.

A União Europeia mantém-se sensata. A Europa continua insuportável.

Só isso.

FMS
Leitura recomendada



Artigo do J.P. Coutinho na Folha sobre o "não" Francês.

FA
BON JOUR PHILLIPE

tanto avô a lutar contra os turcos e eu ia perder?

DBH
OS IDIOTAS ÚTEIS

Ao contrário do Pedro (N. do A.: o post a que me refiro é um post colectivo, assinado pelos três autores do Fora do Mundo, pormenor relevantíssimo que me escapou e para o qual fui já devidamente alertado. Aqui fica, portanto, o reconhecimento da injustiça), não estou mesma nada grato ao povo francês. Não me parece que algum dia esteja grato seja a que povo for, e no caso de um dia eu me declarar grato ao povo francês, façam favor de aparecer cá por casa (melhor: lá por casa - sim, estou no escritório) que o revólver está na mesinha de cabeceira. Estou obviamente feliz pelo resultado do referendo em França, mas sei que o NON venceu por péssimas razões, pelas piores razões. Tendo em conta o argumentário que se ouviu nos últimos meses, o NON do povo francês foi, do lado lepenista, um NON xenófobo e proteccionista, contra a Turquia e contra o Leste, e do lado comunista e trotskista, um NON anti-globalizante, igualmente proteccionista, anglófobo, que mostra o que a Europa verdadeiramente é: um continente velho, irreformável, petrificado nos seus direitos adquiridos e na institucionalização da inveja. O povo francês, a rua francesa, foi, obviamente, bastante útil. Mas, fazendo jus à sua história, permaneceu, como sempre, profundamente idiota.

FMS

sábado, maio 28, 2005

UM EUROPEÍSTA DO COSTUME



Para Giscard d'Estaing, se o NÃO ganhar amanhã em França, não haverá outra solução para além da convocação de novo referendo. A vontade popular que mude, que no texto não se mexe. A democracia do costume.

JV

sexta-feira, maio 27, 2005

Ah pois é! - Parte II (ou, como continuar a gastar alegremente)


135ª reunião da conferência da OPEP onde foi decidido subir o preço do petróleo por forma a confirmar a teoria socrática da contenção do deficit público.

Por outro lado, se estes senhores decidem subir o preço do petróleo o país está salvo e as decisões do Primeiro-Ministro Filósofo legitimadas.

FA

quinta-feira, maio 26, 2005

Ah pois é (ou, como não resolver o problema fingindo-se que sim)



Se os senhores da(s) tabaqueira(s) se lembram de baixar os preços do tabaco lá se vai a estratégia socrática de combate ao deficit.

FA

quarta-feira, maio 25, 2005

Chantagem e Perdão



Excelente artigo de opinião no ABC sobre um eventual “negócio” de presos por paz com a ETA.

Aos rumores deste eventual “negócio” sucede-se, hoje de manhã, mais um atentado terrorista em Madrid. Mais uma vez a ETA demonstra à saciedade qual o entendimento que tem de “diálogo”.

Zapatero não tem alternativa. O único caminho para a ETA é abandonar a luta armada e dissolver-se. O Estado de Direito e a Democracia assim o exigem.

FA

terça-feira, maio 24, 2005

Mientras tanto…

Campesinos bolivianos a caminho de Bruxelas para protestar contra os limites tirânicos ao deficit. A palavra de ordem que mais se ouviu foi: "deixem crescer o deficit!"

Na Bolívia também andam muito preocupados com o deficit Português. Tanto que até se fala em liberalizar o cultivo e comercialização de coca e nacionalizar a indústria de hidrocarbonetos para ajudar as finanças lusas.

FA
PARABÉNS !!!

Hoje faz anos um amigo que não vejo há demasiado tempo.

JV
Dever ou não dever. That is the question.



De tanto se falar no deficit, o conceito quase perdeu a sua essência. É como a banalização das imagens de morte e destruição que nos entram casa a dentro a cada Telejornal.

O deficit público está nesse ponto. Banal. Sem importância. É um contra-senso mas quanto maior o deficit mais problemático se torna do ponto de vista financeiro. Quanto mais problemático mais se fala dele, mais se discute. Quanto mais se discute, mais se banaliza, mais apetece esquecer e passar ao tema seguinte.

Afinal, todos devemos dinheiro e o Benfica é campeão. Como ouvi dizer um dia ao (saudoso?) Major Valentim Loureiro, “dever dinheiro não é crime nenhum”. Nem mais.

Não tem mal nenhum que o Estado deva mais dinheiro do que aquele que gera (rouba? confisca? locupleta?). Se o problema está em Bruxelas, então que Portugal procure um regime de excepção. A França tem a PAC, o Reino-Unido o “rebate” negociado pela Mrs. Thatcher. Portugal deveria ter, fruto da sua incompatibilidade histórica com o rigor orçamental, a possibilidade de poder arruinar alegremente as suas (nossas?) contas públicas.

FA

segunda-feira, maio 23, 2005

FRASE DO ANO

"Até a merda tem uma consistência própria, como se vê pelo benfica este ano."

Um amigo benfiquista, por email.

FMS
To the victor...



Parabéns ao Benfica, ao Pai Manuel e à Sofia. Não conseguindo (por manifesta impossibilidade genética) apoiar o “Glorioso” nas horas da contenda, importa, ainda assim, parabenizar os vencedores na hora da vitória.

Para o ano há mais!

FA
POST UM BOCADINHO RESSABIADO

Estou a ver que a vitória do Benfica já começou a estimular a criatividade dos seus adeptos.

FMS

quinta-feira, maio 19, 2005

A COR DO MELÃO

Se perguntarem, digam que não estou.

JV
Finanças públicas, vícios privados

Não, não vou falar do défice. Ainda que fosse interessante saber como é que um partido geneticamente incapaz de cortar na despesa pública vai resolver esta questão.

O que eu queria frisar é o absurdo (que certas pessoas fazem constar por aí) de pensar que o financiamento exclusivamente público (isto é do bolso dos contribuintes) poderia contribuir para o fim do “tráfico de influências”. A única maneira de isso acontecer seria se os partidos, todos eles e a nível local ou nacional, recebessem exactamente aquilo que pedissem sendo assim rapida e eficazmente atendidas pelo Orçamento do Estado todas as suas exigências financeiras.

Eu propunha, em contrapartida, o fim do financiamento público e a promoção do financiamento “publicitado”. Cada um que faça pela vida desde que diga aos cidadãos como é que faz. Não temos nada a temer do financiamento privado de partidos desde que se controle, aprofundadamente e com rigor, as contas de partidos e titulares de cargos públicos (proibindo, por exemplo, de concorrer a eleições quem não tenhas as contas em ordem).

O problema não está em saber se o Presidente da Junta licenciou a abertura do café da esquina porque o proprietário contribuiu para as obras da sede da Junta. O problema só existe se: a) o acto administrativo for ilegal – caso que os tribunais resolverão; ou, b) os eleitores não souberem da contribuição financeira do beneficiário da decisão política – um caso para a imprensa relatar e os eleitores levarem, ou não, em linha de conta nas próximas eleições.

FA
O Ano do Quase



O Quase é um animal raro que nem todos têm a sorte de poder vislumbrar muito menos de se aproximar. Creio que foi o grande aventureiro Inglês, Sir Walter Raleigh, que disse um dia que mais valia ver um Quase de vez em quando do que ganhar o campeonato nacional uma vez por outra.

O bom Sir Walter estaria a ser generoso mas, quem sabe, talvez a seguir ao ano do Quase se siga o ano do Leão.

FA

segunda-feira, maio 16, 2005

ALGUM RESPEITO, S.F.F.

São justas a homenagens que o PCP ciclicamente presta ao camarada José, principalmente se as mesmas servirem para ajudar a polir as novas gerações de comunistas. Falo a sério. Olhem para o Parlamento. Para a Festa do Avante. Para os passeios do 25 de Abril e do 1º de Maio. Reparem nas campanhas eleitorais. Há quanto tempo não vêem um comunista assim tão lavadinho, assim tão penteadinho, assim tão civilizado?



FMS
IGNORANTIA LEGIS

A frase que mais se ouve nos serviços de finanças em Portugal é "Não sabia mas devia saber". E eu hesito entre se tal diz mais sobre os contribuintes, se mais sobre a administração e seus funcionários.

FMS

sexta-feira, maio 13, 2005

Problemas que geram problemas que geram problemas...

Em Inglaterra (e País de Gales. Nunca esquecer o País de Gales!) não há violações do segredo de justiça porque a justiça funciona.

Ou será que é por não haver violações do segredo de justiça que a justiça funciona?

FA
Nem Bakhtin nem Sklovskij

João, a citação é da minha Mãe com quem discuti este tema, portanto vê lá o que dizes!

Em todo o caso, e para rematar, a distrinça fundamental a fazer entre as duas obras é de natureza lógico-linguística. São as palavras juntamente com o modo de as usar que determinam e são, por sua vez, determinadas por uma visão do mundo. Se o importante na definição da natureza do romance moderno fosse "a luta do indivíduo entregue a si mesmo com os obstáculos que vão surgindo no seu caminho e o impedem de atingir os seus objectivos e de realizar-se", então as epopeias clássicas seriam o melhor dos exemplos de romance moderno (lembro-me, assim de repente, do Ulisses de Homero, não do Joyce!). Não creio que o critério possa ser esse.

Falas também em “textos verosímeis e capazes de representar de maneira séria a realidade contemporânea” como outro critério para determinar se estamos perante um “romance moderno”. Começo a duvidar que estejamos a falar da mesma coisa. Como classificas então o “Tom Jones” do Fielding? Por um lado temos o herói (descendente do herói picaresco mas tão herói como o Crusoe) a lutar “entregue a sí mesmo” mas depois temos um texto que tanto é verosímil como depois tem “twists and turns” perfeitamente absurdos. Numas partes será “romance moderno” e noutras não?

Acho que o critério tem mesmo de ser o que já referi no meu post anterior: “o romance moderno tem uma consciência galilaica do mundo, isto é: atenta à pluralidade de linguagens sociais, e não se limitando a ser veículo duma linguagem única e correspondente mundovisão”. Deve ser mais ou menos isto que o Bakhtin explica no seu ensaio “Epopeia e Romance” (que eu nunca li, confesso!) que pelo título deve ser bem bom.

Daí que, a meu ver, a Peregrinação esteja mais perto da modernindade pela perspectiva aberta ao mundo que tem enquanto história mas fica, por outro lado, irremediavelmente enredada numa lógica formal e ideológica própria de outros géneros literários que não o romance. O Dom Quixote é o oposto. Parte do romance de cavalaria mas cedo deixa para trás a forma medieva focando, ideologicamente, o drama daquele indivíduo a várias vozes e matizes. Esse drama não precisa de ser, na minha óptica, sobre uma luta contra obstáculos reais, para ser “romance”, nem tem de encerrar uma história de relevância universal, para ser “moderno”.

FA
The Specialists

Dois antigos ministros socialistas, Jorge Coelho e Maria de Belém, pronunciaram-se sobre o “Chaparro Gate”.

Jorge Coelho diz que quando um documento chega para despacho do Ministro, a presunção é que o dossier já foi devidamente tratado pelos serviços técnicos em causa.

Maria de Belém diz, em defesa de Telmo Correia e Costa Neves, que cada Ministro defende a sua pasta e parte do princípio que os colegas de Governo acautelaram devida e legalmente os seus interesses respectivos.

Em matéria de tráfico de influências e prácticas ministeriais, não discuto com especialistas.

FA
GRANDE COISA

Toda a gente sabe que o BE engana o público há uma data de tempo.
Desde a fundação, aliás.

JV
PRESENTE DE ANOS



O jornal Público decidiu, no dia em que este blogue faz dois anos, dar-nos uma pérola de presente:

"...A conclusão que daqui se retira é que dirigentes do BE enganaram o PÚBLICO e, por essa via, os seus leitores. Tal como surge consagrado no nosso Livro de Estilo, perante uma situação desta gravidade decidimos tornar públicas quais foram as fontes que afirmaram uma coisa e fizeram outra e só estas, embora para a notícia tenham sido ouvidos outros dirigentes do BE."

Via Elba Everywehre

Obrigado Sr. Director do Público.

DBH

PS. O miúdo da fotografia poderia ser o FA ou o MBF.
E PRONTO

Andamos há dois anos nisto.

JV

quinta-feira, maio 12, 2005

Para quem acredita



Cada vela, um reencontro.
Cada rosto, uma esperança.
Cada minuto, um dom.

JV
Só não vê quem não quer

“Para perdonar es necesario que quien ha hecho mal se arrepienta, y ETA no se ha arrepentido de matar, y puesto que no va a reconocer el mal causado, si obtiene algo de vosotros significará por fin que matar ha valido la pena. Me apena —a veces me indigna, si tengo que ser totalmente sincera— veros enredaros en las palabras con que os intenta descolocar el mundo de ETA. Es la dignidad de los muertos inocentes lo que está en juego, y la dignidad de toda la sociedad.”

Brutal a carta aberta a Patxi López, presidente do PS Basco, escrita pelo punho de uma mãe que perdeu o seu filho às mãos da ETA.

FA
Olha que sim, olha que sim

O João Camilo escreveu no excelente Blue Everest o seguinte:

“Em vários jornais, não há muito tempo, referências à celebração do aniversário do D. Quixote de Cervantes. Colóquios, conferências, os rituais banais do costume. Achei piada ao facto de uma universitária latino-americana em Nova Iorque e um universitário espanhol em Portugal terem pretendido que o Dom Quixote é um livro que inicia a modernidade – ou qualquer coisa assim. Devem estar a brincar connosco. Dom Quixote é um livro genial e divertido, mas passadista. A nostalgia espanhola pela idade das nobrezas permite a sátira, mas como Auerbach já referiu com clareza suficiente, entendimento e problematização da complexidade do mundo novo é coisa que não caracteriza o romance de Cervantes. Por isso o Dom Quixote não pode competir, em lucidez e modernidade, com a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, narrativa onde a luta pela vida e a aventura arriscada por razões pessoais anunciam a sociedade que é a nossa hoje e o romance da nossa época.”

Ora eu até percebo o que o João quer dizer e onde quer chegar mas não posso concordar com ele. A Peregrinação do “Fernão, mentes? Minto.” (escrita nos finais do século XVI) pode ser um exemplo de modernidade no sentido da temática que aborda e da amplitude de horizontes que a sua narrativa encerra mas isso não chega para ser um romance moderno. Fica aquém “by a long mile” como dizem os Ingleses.

Já no Dom Quixote (escrito no início do século XVII) é brilhante a utilização de um tema antigo, bafiento e medievo (completamente o oposto do que se passa com a Peregrinação) mas escrito com uma perspectiva totalmente moderna.

Diz, quem sabe, que o Dom Quixote “inaugura a Modernidade justamente pelo modo como pega num género anterior - o romance de cavalaria - o parodia e lhe subverte as convenções, expondo assim o esgotamento desse modelo (quer a nível formal, quer a nível ideológico). É uma obra inaugural nesses dois sentidos: formal e ideológico. A essência do romance moderno consiste precisamente nessa capacidade de dialogar criticamente com os tempos, pontos de vista e ideologias diferentes, submetendo-os a uma espécie de relativização discursiva: ouvimos vários falares, várias linguagens e nenhuma é absoluta - há uma orquestração de linguagens e pontos de vista que é inédita. É por isso que se diz que o romance moderno tem uma consciência galilaica do mundo, isto é: atenta à pluralidade de linguagens sociais, e não se limitando a ser veículo duma linguagem única e correspondente mundovisão (como acontecia no universo da epopeia clássica que é monológico e homógeneo - todas as personagens falam da mesma maneira, todas partilham a mesma cosmovisão). O romance moderno abre-se à diversidade viva da cena social e dá-lhe plena expressão. E isto é o que acontece no Dom Quixote, pela primeira vez na literatura europeia.”

Diz o João, apoiado em Auerbach, que “entendimento e problematização da complexidade do mundo novo é coisa que não caracteriza o romance de Cervantes”. Não concordo. Talvez não haja complexidade (é preciso?) mas não é por isso que o “mundo novo” deixa de ser, precisamente, o cenário temático do livro. É por causa do mundo ser novo que a narrativa do Dom Quixote tem o impacto que tem. As ideias e a forma combinam-se com a linguagem e a história para demonstrar que o passado está passado e o futuro é agora.

FA
A PROPÓSITO

Para os mais nostálgicos do grande Joel Branco, com o alto patrocínio da Escola EB1 de Cetos, aqui fica esta canção.

JV
Para que conste

Eu nunca cortei um sobreiro. Pinheiros já. Sobretudo em época Natalícia há já muitos anos acompanhando o meu pai creio que num pinhal que era propriedade da família por isso acho que não conta. Acácias também. Ali para os lados de Sto. António da Caparica e portanto fora da zona da paisagem protegida. Acho eu. Figueiras também admito que sim lá para os lados de Lagos na antiga casa dos meus Avós embora não me lembre bem. Nunca peguei fogo a nenhuma mata e recolho o lixo todo sempre que vou à praia ou fazer piqueniques.

FA
Estrangeirado

Eu posso morar em Londres mas continuo a viver em Portugal.

FA

quarta-feira, maio 11, 2005

Eu até nem tenho nada contra os sobreiros

Seja no caso do Freeport ou da Herdade da Vargem Fresca, o facto é que todos os Governos tomam decisões nos seus últimos dias em funções. Não é aqui que radica o problema.

O problema, a existir, e é para isso que existe uma investigação criminal em curso, tem a ver com a eventual lesão do interesse público – seja na venda dos terrenos (nos idos da era Cavaquista) ou nas autorizações de intervenção urbanística. Do ponto de vista político, e é para isso que temos imprensa livre, a responsabilidade há de ser assacada a quem, num e noutro caso, se tenha comportado de forma eticamente reprovável ainda que tecnicamente legal.

Já agora, para que não restem dúvidas, o segredo de justiça é mesmo para ser cumprido. Vale mais que todos os sobreiros do país. E eu até gosto dos montados de sobro, do Peneireiro cinzento (Elaneus caeruleus), do Rouxinol do mato (Cercotriches galactotes), do Cartaxo (Saxicola torquata), do trigueirão (Miliaria calandra), do Alcarvão (Burhinus oedicnemus), da Carriça (Troglodytes troglodytes), do Rouxinol mais normalzinho (Luscinia megarhynchos), e da Toutinegra das valas (Sylvia melanocephalia).

Mais nada.

FA

segunda-feira, maio 09, 2005

SPOOOOOOOOOOOORTING



Percebes agora, Rodrigo, porque é que o nosso template está esverdeado?

DBH
FROM PRAGUE WITH LOVE

Image hosted by Photobucket.com

Muito obrigado ao Filipe Vieira, leitor assíduo e com sentido de humor.

JV
THAT SHIP HAS SAILED

Escreve o Adolfo:

Mas continuo sem perceber porque é que os blogues de direita tendem a ficar diários intimistas em poucos meses de actividade, deixando um amplo espaço vazio.

Ahhhh! Those were the days when:"Men were real men, women were real women, and small, furry creatures from Alpha Centauri were real small, furry creatures from AlphaCentauri. Spirits were brave, men boldly split infinitives that no man had split before. Thus was the Empire forged."

DBH

sábado, maio 07, 2005

Vai lá vai

Vou responder ao JMF? Num post de 40 linhas? Com 15 links? Investir todo esse tempo com alguém que considera “puro lixo” tudo o que lê?

É já a seguir. É que é já... a seguir!

FA

sexta-feira, maio 06, 2005

Duas maneiras de ver a vida

De acordo com esta notícia da TSF, a Santa Casa estará a colocar idosos em lares sem alvará. Quem o afirma é a própria provedora Maria José Nogueira Pinto: “Muitas vezes, quando temos de dar respostas temos de tomar decisões e as decisões implicam que seja preciso alguma coragem, nomeadamente pôr pessoas em lares sem alvará e dizê-lo publicamente. Eu não posso é ter pessoas na rua.”

Entretanto a “Administração Central” responde com a habitual eficácia e dinâmica que a caracteriza. O secretário de Estado da Segurança Social, Pedro Marques, exigiu que se dê início de imediato “a uma acção de averiguação que permita confirmar a natureza deste procedimento”.

Em vez de analisar as causas da decisão difícil e controversa da Santa Casa e procurar soluções para a mesma, o Governo prefere determinar se o procedimento está correcto, se há base legal, se há competência funcional e cabimento orçamental. Enfim, todo um conjunto de questões essenciais para os idosos que correm o risco de não terem onde ficar.

FA
SIM, DIOGO,

O template já tinha as minhas cores. Mas isso é um pormenor. O que é certo e objectivo é que eu, de facto, não mudei as cores.

Aliás, acho que agora isto está muito mais bonito. Mais primaveril. Mais moderno. Mais ambientalista. Mais carrinho a electricidade. Mais desodorizante roll-on. Por mim, é de manter, pelo menos até à final.

Agora, se o SLB for campeão, quem quer que seja que se livre de tentar idêntica proeza.

Abraço.

FMS
WAKE UP

Caro FMS,

Escreves, com a superioridade moral de quem não só é do FCP como cresceu no Cavaquistão, que nunca ousaste mudar o template do NQdI para azul e branco.

E como é que o farias? Mudavas o branco para azul e o azul para branco?

DBH
CARO DIOGO,

Apesar de não perceber se já ganharam a taça ou se os festejos são levados a cabo por conta da alegria devida a final, devo dizer-te que não sinto qualquer inveja em relação ao resultado de ontem. Quanto muito, sinto alguma nostalgia dos tempos em que o Mourinho era suficiente para que o Pinto da Costa ficasse em casa com a Carolina.

Aliás, parece-me que a vitória de ontem (quer dizer, em rigor, o Sporting perdeu contra o Al Ali ou Ala Akbar ou lá como os gajos se chamam) se vai traduzir num aumento substancial da minha qualidade de vida. Pela alegria que a entidade paternal demonstrava ontem ao telefone, deve ser este fim-de-semana que terei finalmente o apartamento em Covent Garden, o castelo na Escócia e o Jaguar com motorista.

Em todo o caso, deixa-me que te diga que, não estando eu contra o esverdear do template, acho, porém, que deveria ter-me sido dada a oportunidade de me pronunciar previamente sobre o assunto. Trata-se de uma formalidade essencial que foi preterida e que daria lugar a impugnação imediata não fora o temor reverencial que me mereces.

Se bem te lembras, nos quase dois anos que leva este blog, já fui duas vezes Campeão Nacional, uma vez Vencedor da Taça Uefa e uma outra vez Campeão Europeu. E em nenhuma destas situações (em que - reforce-se - efectivamente ganhei alguma coisa) ousei mudar as cores do template para azul e branco.

Se Deus quiser ou uns contactos que tenho ajudarem, lá estaremos no dia 18, dia de aniversário da minha querida mãezinha, a pegar no caneco.

Abraço.

FMS
FEBRE CLOROFILÍACA



Hoje, o NQdI está verde de alegria. Assim como costumamos escolher lados, hoje escolhemos uma côr.

O FMS pode ficar azul de inveja, mas hoje somos pelo vinho verde, pelo caldo verde, pelo ponto verde, a via verde, o Cesário Verde, Vila Verde, Castro Verde, Cabo Verde, livros verdes, bandeiras verdes, linhas verdes, milho verde, o rapaz da camisola verde, fruta verde... só não somos pelos Verdes.

DBH

quinta-feira, maio 05, 2005

"SOFRER ATÉ AO ÚLTIMO MINUTO"



Não há direito que um clichê, como o mentioned above, continue a querer mostrar que é uma verdade.

[DBH]

terça-feira, maio 03, 2005

DE CORETO A SKATEPARK

Um amigo telefona e transmite-me a sua surpresa com a Casa da Música, nomeadamente com as excelentes condições das zonas contíguas à mesma para a prática do skate. E eu, lembrando os bons velhos tempos, imagino com entusiasmo a obra daqui a uns meses, assim todinha vandalizada e coberta de grafitti. SK8 não é crime, terrorismo urbanístico sim.

FMS